sábado, 30 de outubro de 2010

MAGRO COMO UM PORCO - Parte 1

Você gosta daquela gordurinha da picanha? Da pelinha do frango assado? De uma costelinha de porco? Hambúrguer com bastante bacon? E uma pururuquinha crocante? Feijoada com paio e calabresa? Bom, eu também. Bom, eu nem vou comentar do lado maléfico de apreciar todas essas delícias em excesso, porque tenho certeza que você já sabe disso.
O que não sei se você sabe é que o homem foi selecionado ao longo dos séculos para gostar desses alimentos gordurosos. Acontece que as gorduras, também chamadas de lipídeos (do grego, lipos = gordura) são formadas por moléculas que, ao serem metabolizadas em nosso organismo, liberam grande quantidade de energia para o nosso corpo. Muito mais energia do que outras classes de compostos alimentares, como açúcares e proteínas, por exemplo. Por exemplo, enquanto 1 grama de açúcar libera aproximadamente 4 calorias (ou mais corretamente 4 kcal) e 1 grama de proteína 5 calorias, a mesma quantidade de lipídeo vai gerar mais de 9 calorias! Isto, é claro, sem entrar a fundo em determinados aspectos químicos.
Agora vamos nos imaginar vivendo a muitos anos atrás, antes do advento da agricultura, numa época em que o homem ainda lutava contra a fome – opa, esqueci que milhões de seres humanos morrem de fome anualmente! – devido a uma vida nômade em que cada dia as pessoas aptas da comunidade tinham que, literalmente, batalhar para conseguir seus alimentos, através da caça, pesca e extrativismo. Nesses tempos, períodos de fartura alternavam-se a outros de escassez, devido a fatores como clima e até a sorte das comunidades se deslocarem na direção de regiões mais favoráveis ou não.
Outra grande dificuldade estava na preservação dos alimentos. Os conhecimentos e as tecnologias que hoje permitem que alimentos possam ser armazenados por muito tempo não estavam ainda acessíveis a esses ancestrais. Desse modo, uma caçada bem sucedida podia resultar em desperdício de alimento se este não pudesse ser consumido rapidamente. Além disso, sempre era possível que períodos não tão produtivos surgissem a partir do dia seguinte. Neste caso, a própria existência familiar estaria ameaçada.
E era nesses períodos mais drásticos que a seleção natural entrava em cena. Numa comunidade esfomeada e no limite entre a vida e a morte, aqueles que possuíssem a capacidade de aproveitar a energia de alimentos mais energéticos e tivessem se alimentado anteriormente desse tipo de alimentos teriam mais chances de sobreviver e posteriormente passar seus genes para as próximas gerações. Quem seriam esses “escolhidos”? Aqueles que tivessem ocupado o limitado espaço de seus estômagos comendo pepinos e nabos, alimentos de irrisório valor calórico, ou aquele que tivesse se empanturrado de partes gordurosamente selecionadas de um animal qualquer preparadas em banha de porco?
porco pintor
Ah, mas se eles continuassem se alimentando assim e ainda resolverem, adicionalmente, levar uma vida sedentária, iriam acabar morrendo de enfarto devido a uma obstrução das suas artérias, não é? Mesmo se esses antigos ancestrais soubessem desse risco e de outros decorrentes do consumo excessivo de gordura, provavelmente estas seriam as últimas das preocupações deles naquele ambiente tão hostil. Bom, até hoje muita gente não tem essa preocupação!
E esse fato pode ter feito a decisiva diferença entre um ancestral seu ter sobrevivido ou ao não a um período de escassez alimentar. Sorte a sua, senão você não teria nem nascido, certo? Vai uma feijoada aí pra comemorar? É light.
ARGOS      

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